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Poder: lobby, transparência e neurose.


As contribuições financeiras para as campanhas políticas devem ser públicas ou privadas? Para mim, a troca de um modelo por outro, não faz diferença alguma quando corruptores e corruptos encontram-se para fazer negócio. Os dois farão negócios de qualquer jeito. Por isso, prefiro sempre a transparência para tratar do assunto. Mas transparência não é fácil, mesmo porque as organizações e a política convivem através de enredos ensaiados, como passos de dança num baile de máscaras. Exatamente como fazemos em nossas vidas privadas, espelhadas em nossos relacionamentos coletivos. As organizações, as empresas e a prática política, lembremos, são reflexo das nossas dinâmicas e das nossas neurores individuais.
Se políticos desejam manter-se no poder pelos canais eleitorais ou pela distribuição de cargos e acordos partidários, empresários desejam manter-se no poder através da força financeira. O poder, na verdade, é como um vício absoluto que gera enorme satisfação, criando uma sensação de onipotência e de conquista que pode valer muito mais do qualquer prazer de origem sexual. Como escreve o psicólogo Antônio Carlos Alves de Araújo, ao comentar a obra de Alfred Adler (colaborador de Sigmund Freud): "O exercício do poder por determinado indivíduo revela não apenas seu lado emotivo, mas toda a sua estrutura de personalidade, determinando se tal indivíduo encontra-se no que Adler denominou de complexo de inferioridade ou superioridade, ambos compensações de metas de poder insatisfeitas".
Referências deste artigo:
Carlos Alves de Araújo em "O Estudo do Poder Segundo Adler" acessível em http://antonioaraujo_1.tripod.com/psico1/portugues/poderrev/poderrev.html
Site ONG Às Claras com doações de empresas para campanhas políticas: http://www.asclaras.org.br/
Site ONG Transparência Brasil com mapa de riscos da corrupção: http://www.transparencia.org.br/docs/maparisco.pdf

Comentários

alessandro disse…
Dai a Cesar o que é de Cesar....

Que fiquem com poder. Eu fico com minha felicidade. Essa ninguém tasca. rs.

Abs,

Alessandro

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