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Arte x Opressão.

O artista é um iluminado que canaliza sentimentos e intuições oprimidas pelo cotidiano, de forma a nos deslocar do lugar comum e do automatismo de nossas rotinas (ou retinas). Através das expressões artísticas, o cidadão vítima da burocracia do Estado, das circunstâncias sociais e da soberba dos poderosos pode se (re) conhecer como um ser-humano único e original. Pode enxergar a realidade através de outras lentes e assim questionar toda sorte de injustiças e mazelas que aparentemente são naturais, mas que na verdade são resultados de processos históricos, políticos e econômicos - que na maioria das vezes muitos de nós sequer compreendemos.


Na China, economicamente pujante dos dias de hoje, admirada como "cliente", que hipnotiza empresas e governos do mundo ávidos para participar do seu crescimento sem se importar se o partido único que controla os chineses, carrega na esteira das benesses do consumo e da industrialização acelerada, questões como o totalitarismo político, a censura e a opressão bem como a poluição desenfreada, é a arte de alguns corajosos que nos faz refletir. Neste cenário,  Liu Xiabo e Ai Weiwei são dois exemplos de resistência crítica e expressão. Os dois são perseguidos, presos, e monitorados pelo policialesco aparato do governo chinês.


Arte é uma forma de comunicar além das aparências. Comunicar o grito de nossas entranhas por mais liberdade, atenção aos interditos e por um olhar mais próximo daquilo que nos torna humanos: solidariedade, cuidado com o outro e amor. 

Comentários

alessandro disse…
Belo texto Luiz Gaulia,

O que acontece nos dias atuais é que o entretenimento tomou o espaço da arte. O entretenimento é o anestésico de uma sociedade doente. A arte é revolucionária.

Abs.

Mussa.
Boa Mussa, suas palavras são sábias! Abraço grande!
Repasso aqui comentário do Ricardo Borrmann que me permitiu via e-mail essa publicação:

"Excelente texto, porque humano, sincero e afetuoso, sem firulas, lero-leros; texto-manifesto, profundo, porque vem de dentro... Reflete sentimentos e nos leva a refetir. Sem respostas prontas, nem soluções. Pura reflexão livre, livre-associação. Transmite desassossego...
Lembrei de Kafka quando ouvi das opressão das engrenagens burocráticas. Ele (Kafka) e sua reflexão sobre a Arte, no seu caso, sobre a "escrita"; acabei de estar em Praga e visitei o seu belo museu por lá, daí o comentário...
Como a vida o reprimia, o "imprensava", especialmente pela figura do Pai (nesse caso Pai biológico mesmo) que ocupava todos os "espaços"; a escrita (e a arte) eram o único âmbito onde o Pai não tinha o que dizer, era ele que surgia, "o Kafka", mas não sem muito sofrimento. Escrever e fazer Arte tb era penoso para ele. Arte pode, em alguns momentos, ser a única coisa que faz sentido, mas nem sempre é "libertação, redenção", geralmente vem acompanhada de algum sofrimento latente... E pd doer tb...Cito passagem de Kafka, no livro de Modesto Carone, chamado Lição de Kafka, excelente livro sobre o autor tcheco-alemão do mestre da tradução kafkiana ao português: "Estou escrevendo desde há alguns dias [...] Não me sinto, hj, tão protegido [...] pelo trabalho como há dois anos, mas adquiri um sentido - minha vida regular, vazia, insensata de celibatário, tem uma justificativa".
Fazer arte é buscar um sentido pra vida (que não existe) e sofrer ao dotá-la (a vida) deste sentido...

Abraços muniquenses,
Ric."

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