Pular para o conteúdo principal

Relações institucionais. É lobby ou não é?

Várias empresas estão organizando ou reestruturando gerências e coordenações para atuar nas chamadas "relações institucionais".

Uma grande empresa de cigarros, que visitei há alguns anos, possuia uma Diretoria de Inteligência Corporativa que incluia toda a comunicação corporativa. Outra empresa, de cosméticos, possui uma Diretoria de Assuntos Corporativos e sua concorrente está montando um Gerência de Relações Institucionais ligada diretamente ao presidente da companhia. Para quê?

Entendo que a representação oficial da empresa possa estar à cargo de uma equipe, mas neste novo mundo de redes relacionais crescente onde zilhões de "acionistas sociais" (stakeholders) estão se comunicando on line, o papel de cada empregado direto ou terceirizado dentro das empresas é o de um embaixador da marca, da bandeira daquela organização e, portanto, de um relações públicas. Quer queira ou não.

Por isso, é claro que deva existir uma área responsável para estabelecer diretrizes, modelos e promover a capacitação e oferecer informações sobre como lidar com este universo relacional de um mundo hiperconectado com uma nova geração de "nativos digitais" (conforme definição de Massimo Di Felice) mergulhando no mercado de trabalho e implodindo hierarquias com seus estilos plurais de comunicação instantânea e em rede.

Dessa forma, o que geralmente se vê, é esta área se responsabilizando oficialmente pelos contatos juntos à entidades, associações de classe, ONGs e Governos. Defendendo os interesses da empresa e tentando influenciar decisões, atividades e participar de movimentos que digam respeito aos seus interesses.

Ou seja, fazendo o lobby pois não vejo o lobista apenas como aquele sujeito transitando pelos bastidores do Congresso. Não, eu vejo o lobby como uma atividade legítima que deva ser regulamentada e colocada à claras, de maneira transparente e que é praticada por toda empresa através de uma área de assuntos governamentais, relações institucionais ou o nome que for. Área que faz lobby junto aos diversos públicos de interesse com os quais a empresa deseja se relacionar (e mesmo outros que os quais ela tem que se relacionar).

Portanto, para mim, relações institucionais é lobby mesmo. E cada empregado está se tornando um lobista informal. Coisa impossível de se controlar, mas possível de se aperfeiçoar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Charge do dia #Russia #Ucrânia

 

Meios de comunicação na Venezuela e as eleições.

Acompanhando as eleições do próximo dia 23 de novembro, na Venezuela, que vão indicar novos governadores e prefeitos naquele país, li no El-Carabobeno que numa reunião geral, representantes de diversos meios de comunicação vão acatar a decisão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), espécie de TRE venezuelano, sobre a divulgação dos resultados. Ou seja, a imprensa não vai poder emitir informações ou divulgar projeções antes dos boletins oficiais do CNE que darão os resultados das escolhas dos 17 milhões de eleitores venezuelanos. A reunião pareceu marcar um ponto de equilíbrio entre diferentes interesses comerciais, políticos e informacionais que sempre estão presentes nas eleições de qualquer país. Muito diferente do tom ameaçador, censor e autoritário com que o Coronel Hugo Chávez, atual mandatário venezuelano, fez ao longo da semana contra a imprensa. Um tom intimidatório que foi condenado pela Associação Internacional de Radiodifusão (leia nota oficial, disponível no site da Globovis

Entre a ORDEM e a DESORDEM.

Para vivermos em sociedade devemos seguir um mínimo de ordem e de regras.  Abrimos mãos de parte das nossas liberdades em prol das liberdades alheias em um permanente convívio de equilíbrios e negociações diárias. Seja na microfísica do poder de nossas relações sociais, quanto na esfera nacional enquanto país, povo, nação. A sensação da ordem é um sintoma de nossas rotinas cujos benefícios  são gigantescos, mas que nos recalcam e nos fazem sofrer uma vez que  precisamos, sob o império da Lei, seguir e atender a tal ordem legislativa e dessa forma controlar nossos impulsos  - desde os mais bestiais até o aparentemente mais inofensivo. Contradição cruel, dolorosa, mas necessária. Pelo outro lado, ao não seguirmos qualquer ordem geramos sentimentos incontroláveis e conflitantes muito mais severos para nossa saúde e nossa psiquê. Em grupos, por resposta ao caos diário e a insegurança cotidiana, onde o homem lobo do homem solta as amarras de seus impulsos, esse sentimento de impotênc