As greves não começam de uma hora para outra. Quem já esteve na mesa de negociação de um acordo coletivo, sabe que o papel de qualquer sindicato é tentar conquistar os maiores reajustes possíveis. Este é o trabalho deles e a pauta de pedidos e reivindicações é sempre grande o suficiente para ter gorduras que serão queimadas ao longo das conversas.
Mas greve é sinal de que a conversa acabou. E quando a conversa termina e o diálogo vira monólogo de surdos, a greve acontece. No caso dos servidores públicos, quem mais sofre é o cidadão. Porque nessa guerra entre trabalhadores, movimentos políticos e Governo, o lado mais fraco é o do contribuinte. Por isso, as táticas de comunicação são muitas: todos precisam mostrar seus pontos de vista e buscar aliados. Lamentavelmente, algumas táticas funcionam até além da conta, como pichar um monumento turístico para chamar a atenção sobre uma causa ou mesmo parar o trânsito numa ponte entre duas cidades, com milhares de pessoas presas no trânsito por horas a fio.
Se tudo comunica, não só as palavras de ordem ou as de apoio geram percepções favoráveis ou negativas. No calor das manifestações, alguns tolos mais exaltados podem colocar em xeque todo um movimento legítimo de protesto. Os atos de vandalismo explícito e desrespeito também formam opiniões. Se o silêncio pode comunicar a indiferença, a brutalidade de certos sujeitos vai comunicar muito mais: mostram que alguns querem que seus direitos sufoquem os direitos dos outros, sem culpa e sem limites.
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